Ensaio Fevereiro de 2020
Loubeiras Gordas do Cerrado
















A Ju Queiroz montou um projeto para fotografar mulheres no Cerrado que se chamava “loubeiras”, ela estava fazendo alguns ensaio com algumas mulheres e pensou em chamar as Gordas Xômanas para também fazerem esse Ensaio com corpos dissidentes da maioria que ela estava fotografando, pensando na transformação que a fotografia, o ensaio pode fazer com a gente, de um novo olhar sobre nós mesmas convidei as Gordas Xômanas e algumas aceitaram.

O Ensaio Lobeiras Gordas no Cerrado aconteceu num domingo, aqui em Chapada dos Guimarães as 5hs da manhã onde o dia começava aparecer, estávamos em 4 Gordas Xômanas, e só eu e a Mônica já tínhamos pousado nuas num ensaio, as outras duas ainda não. A primeira vez nua sendo mulher gorda de frente a uma pessoa tirando fotos e ainda mais com outras mulheres no Ensaio não é algo fácil e simples. Lembro que todas nós estávamos nervosas, ansiosas, com medo, mas sabíamos também da importância desse trabalho, era uma mistura de receio com vontade de realizar.
Ninguém dormiu bem, acho que dá pra ver isso nas fotos nossas caras estavam amassadas e todas com cara de sono. Aqui o clima de novembro até março, mais ou menos, chove muito, diferente de outros lugares no Brasil aqui não faz tanto calor no verão, como chove muito fica um tempo fresco na maioria das vezes, isso foi bom porque no resto do ano aqui é bem quente e na seca junho, julho, agosto e setembro é impossível ficar nua debaixo do sol mais de alguns minutos.
A Jú Queiroz escolheu fazer o ensaio bem cedo pela luz e pelo despertar do dia que é tão lindo aqui na Chapada, a luz estava mais para o prateado com o cerrado bem verde escuro das chuvas. Mas quando chegamos na locação dentro do cerrado, se entra por uma rodovia onde paramos o carro, caminhamos um pouco e já estávamos num outro cenário de pedras, o lugar era muito lindooo pedras distribuídas em circulo e no centro um platô, dizem os mais antigos aqui, os místicos e os hippies que aqui viviam, que esse lugar é lugar de pouso dos discos voadores de extraterrestres, o lugar é de filme, parece que foi montado, planejado para um filme futurista de extraterrestres de ficção científica. A Jú acha cada cantinho nessa Chapada…… Que a gente nem acredita!

Tiramos as roupas e começamos a fotografar, aquelas pedras no platô foi mágico, a luz,……. o despertar ali literalmente do dia e de nossos corpos, da potência neles e da força que acontece quando mulheres gordas se juntam para fazer política, arte, cursos, etc…
O sentimento de pertencimento era grande ali. A Gordosfera estava latente em nossas corpas.
Depois de algumas horas fomos para uma cachoeira ali próximo, a cachoeira da macumba, pequena, masssd lindaaa, foi como um abraço, fizemos algumas fotos e começou a chover. Então decidimos aproveitar a cachoeira na chuva mesmo e descarregamos a tensão que era grande.
Esse dia foi um marco na minha vida, como todos os ensaios que faço…. sempre saio mexida, eu encaro como já disse aqui, como um momento especial de comemorar o corpo que tenho e homenagear quem eu me tornei, e a todas as corporalidades gordes no universo, homenagem, reverência, carinho, prontidão.
Nossos corpos existem e resistem, é uma festa dentro de mim, sempre penso: Olha onde meu corpo gordo me trouxe.
Quando as fotos saíram foi de emocionar, uma mais linda que a outra, uma mais poderosa que a outra, essas fotos me ajudam a lembrar a força que temos e como o corpo gordo é um corpo revolucionário, tá lá naquelas imagens. Quando pensamos nas fotos para o livro, eu e a Ju pensamos na hora… algumas fotos do Ensaio das Lobas tem que entrar rsrsrsrs e foi o que fizemos, usamos algumas fotos desse ensaio para o livro, eu acho que por enquanto é meu ensaio preferido de resultado, de como as fotos ficaram, do que representa, de tudo que está envolvido.

Aproveito também para fazer uma homenagem in memoriam da Thay, que infelizmente faleceu no fim do ano passado num acidente de carro. Thay era Gorda Xômana, estava presente sempre nas rodas de conversa desde que começaram nossos encontros. Obrigada! Mais um significado forte e potente nas fotografias, a Thay que se foi de corpo, mas que está em nossas almas, pensamentos e nesse ensaio, para que lembremos dela feliz, alegre e livre.
Acho que essa é a palavra que resumiria esse ensaio LIBERDADE, se liberte dos preconceitos, das amarras, das formalidades, dos padrões…
Seja você mesma… Desperte! Recomece!
Essa fotos estão maravilhosassssss♥️♥️
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obrigada 😊
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